quarta-feira, 7 de março de 2012

Descriminação


 
Era ela, era ela que se encontrava encostada a uma daquelas quatro paredes velhas e extremamente podres. A sua roupa era velha e esburacada, parecia ter acabado de sair de uma lixeira. Sem saber onde estava, apenas sentido o frio que por entre as suas roupas passara, gritou « ajudem-me! ». Todos que os que a ouviram, olharam, mas nem mesmo sabendo as suas condições e o que se passara, a ajudaram.... Deixaram-na ali, só por ter roupas inferiores as suas e uma mente, por alguns motivos, menos desenvolvida. Ela continuava ali encostada, sem ninguém se preocupar. Eles olhavam, olhavam, e em vez de a ajudarem, preferiam deixa-la ali, sozinha só por ter roupas inferiores, pensamentos menos desenvolvidos, uma capacidade de compreensão menor, mas provavelmente, nunca lhes passou pela cabeça que ela poderia não ser uma simples miúda encostada a uma parede, mas alguém com problemas e, como se não bastasse, sem forma de os resolver. Passaram-se dias, semanas, meses, anos... Todos os dias a pobre miúda continuava ali, e eles, como habitualmente, gozavam-na e humilhavam-na. Digamos que ela era uma distração, um boneco com quem eles poderiam brincar sempre que lhes aptece-se, até que um dia, deparando-se com a sua falta, oralham-se espantadamente e foi nesse preciso momento que ela, com roupas novas, cara lavada, cabelo penteado, dentes escovado, lhes disse « se um dia eu vos pedi ajuda e voces preferiam gozar-me e humilhar-me, esse dia transformado em semanas, meses e anos, terminou. Eu não sou aquele boneco com quem qualquer pessoa faz o que lhe aptecer, sou uma miúda. Não, não sou normal, mas em vez de me questionarem sobre qual o meu problema, decidiram julgar-me apenas pela minha maneira de vestir, mas alguma vez vos passou pela cabeça que eu posso não ter o vossos dinheiro para comprar essas roupas que fariam de mim uma pessoa como voces?! Já se deram ao trabalho de se colocar na minha posição e em vez de comprarem 1€ de pastilhas, doarem-no para os mais necessitados?! Sinceramente, fico sem percebber qual será a mente menos desenvolvida: se a minha, se a vossa... » E virando as costas, deixou toda a gente que um dia a humilhou, de boca aberta e por mais arrependidos que eles tivessem ficado, o mal estava feito, não havia mais nada que pudessem fazer.

quinta-feira, 1 de março de 2012

my life is over

É com imensa pensa, que hoje, posso concluir que na vida tudo acaba. Não é que não tenha descoberto mais cedo, mas custa ter a prova daquilo que mesmo sabendo que é verdade, não queremos acreditar. Hoje, as pessoas poderiam andar com os pés nas peredes, podiam agredir-se como se não houvesse amanhã, podiam ter todos a sua primeira negativa num teste, podia ter acontecido tudo, menos o que aconteceu. Foi pior que passar uma semana sem dormir, foi o fim-do-mundo, o fim do meu mundo, aquele que eu designava como " nosso mundo para sempre ♥ ". E agora, como será daqui a frente?! Será.. Será.. Será.. Na verdade não será, porque foi o fim de todas as histórias mal contadas.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

o fim de um mal começo

E quando a onda chegar, eu serei a primeira a embarcar. Infelizmente, nunca ninguém disse que a vida era fácil e que se conseguiam grandes coisas com pequenos esforços, mas na verdade, também nunca ninguém disse que as coisas poderiam ser tão dolorosas. Sinceramente, só me consigo visionar no meio de mil e uma questões às quais não sei responder. Na minha cabeça, tudo se transformou numa gigantesca nuvem cinzenta prestes a rebentar e eu, sem querer que isso aconteça, tento afastar o meu pensamento e quanto mais penso que está a funcionar, é quando mais me dá a sensação de que vai mesmo rebentar. Não compreendo e cada vez que tenho oportunidade, só pergunto o porque... O porque de a felicidade não me ter escolhido a mim...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ñãõ é õ fîm dô mûndõ


Lá fora estava escuro,  borriçava constantemente, até diziam que a chuva era de "molha parvos". Cá dentro o ambiente estava pesado, haviam gritos por todo o lado e atrás desses gritos, vinha medo, fúria, exaltação. Baixei a cabeça, agarrando-a com as duas mãos. De seguida, fechei os olhos e tentei afastar o meu pensamento, mas nele só passavam gritos de horror, cada vez mais altos. Era como se o mundo fosse acabar naquele preciso momento e estivessem todos a exprimir o que deixaram por exprimir. Até eu começava a ficar com medo, não deles, mas dos seus gritos. Só me apetecia levantar-me daquela cadeira na qual permanecia sentada já à alguns minutos e começar também a gritar, mas não era um grito qualquer, era um grito definitivo. Um grito que os fizesse entender que não era o fim do mundo, era apenas um contra-tempo e sobretudo, que ainda têm muito para viver, para descobrir, para fazer, para sentir.